“Okama”, significa ‘bicha’, no pejorativo, em japonês. Um projeto autoral do artista Gabriel Saito que realiza uma exumação simbólica do corpo de sua bisavó, migrante japonesa morta prematuramente alguns anos depois de sua chegada ao Brasil e da sua avó, primeira geração nipo-brasileira, revelando processos de violência.
A peça é um jogo de contradição entre a presença e a ausência pela morte. O luto está em cena a partir das memórias vivas da avó do ator numa articulação entre o particular e o universal: os dilemas sociais vividos por migrantes asiáticos ao longo dos anos no Brasil e a violência e até a fome vivenciadas por famílias como os Saito quando aqui desembarcaram também são formas de abordar a morte.
Na fábula encenada em “Okama”, o ator visita a ancestralidade numa visão singular enquanto uma “bicha-mestiça-amarela” descendente dos atores do tradicional teatro kabuki, que se relacionavam sexualmente com os samurais como práticas comuns na sociedade japonesa.